artigos e ensaios - 1984 / Mariza Peirano

A Antropologia Esquecida

de Florestan Fernandes: os Tupinambá

A carreira intelectual e institucional de Florestan Fernandes, fundador e principal figura do movimento conhecido como a "escola paulista de sociologia" nos anos sessenta, apresenta um fato curioso: a produção resultante de um período relativamente longo de sua vida - seis a sete anos - é hoje vista como importante, mas negligenciada pelo público que consome a literatura de ciências socials.

Na verdade, os estudos de Florestan Fernandes sobre os índios Tupinambá, baseados em reconstrução histórica de fontes quinhentistas e seiscentistas, e que ocuparam o autor de 1945 a 1952, "não pegaram". Os dois livros e os vários artigos escritos sobre o assunto (Fernandes, 1948, 1949a, 1949b, 1952, 1963, 1970) são desprestigiados por muitos cientistas sociais como "a fase funclonalista" do autor, frequentemente ignorados por historiadores e, pelo próprio Florestan Fernandes, considerados como seu "período de formação". São vistos como clássicos da literatura das ciências sociais mas o róprio autor declara haver descoberto que clássicos não vendem no Brasil.

A leitura cuidadosa dos trabalhos sobre os Tuplnambá, contudo, nos faz redescobrir Florestan Fernandes, reavaliar a contribuição analítica e interpretativa dos livros vis-à-vis os desenvolvimentos recentes da antropologia e, principalmente, questionar as razões por que estes trabalhos nunca foram apreciados em sua verdadeira dimensão. Leia na íntegra...