Teses e Memoriais - 1995 / Mariza Peirano

Há dez anos

Há dez anos, uma série de questões relativas ao tema abrangente do ensino de antropologia preocupava os docentes envolvidos nos cursos de graduação e de pós-graduação no Brasil. Essas questões combinavam tanto aspectos substantivos e de conteúdo quanto dimensões pragmáticas e instrumentais. Um tema recorrente dizia respeito à forma como se produz, como se "faz" um antropólogo; e, nessa direção, o estilo simples de transmissão de conhecimento por meio de aulas era contrastado com a concepção de um processo mais complexo de "formação", no qual se buscava valorizar a leitura de monografias clássicas, a orientação de um mestre e a própria pesquisa de campo.

Outro tema correlato referia-se ao lugar da antropologia no contexto das demais ciências sociais – no momento em que sua visibilidade se ampliava nos fóruns multidisciplinares, os antropólogos procuravam esclarecer e demarcar as características próprias à disciplina, assim como a pertinência (ou não) de haver cursos específicos de antropologia na graduação. Grades curriculares e propostas de cursos estavam, tanto quanto hoje, entre aquelas preocupações, mas as especificidades do ensino da graduação e da pós-graduação recebiam uma atenção especial. Na pós-graduação, a relação entre o mestrado e o doutorado foi, também, um tema que suscitou grandes inquietações, já que, naquele momento, o número de programas que ofereciam os dois níveis era ainda limitado e, neles, o percurso costumava ser excessivamente longo para o antropólogo em formação. Leia na íntegra da pág. 15 à 196...