artigos e ensaios - 2000 / Mariza Peirano

Onde está a antropologia?

"Despite their pretense, the declaredly egalitarian, yet to be routinized, cross-cultural dialogues are never in fact between equals, for the absence of a fully governing convention, of a mutually acceptable third, fosters hierarchy — a (silent) assertion of authority over, an 'understanding' of, the position of the interlocutor. (Or its opposite.) There is little to mediate — to attenuate — the challenge each participant, coming, as it were, from somewhere else, poses to the other".

(Vincent Crapanzano 1991)

"An alliance of multiple interests and perspectives is often a stronger political and social force than attempts to enforce a unitary movement".

(Michael M.J. Fischer 1994)

Clássicos, história teórica & antropologia em contexto

Nas comunidades transnacionais que são as ciências sociais é imprescindível uma ideologia comum que mantenha os ideais de universalidade e cimente as relações sociais entre cientistas de várias origens. É nesse contexto sociológico que estão situados os clássicos. A leitura e o conhecimento das obras assim consideradas formam os iniciados na tradição que, na antropologia, por exemplo, são aqueles praticantes que dominam o corpus etnográfico de alguns autores-chave que trouxeram o exótico à consciência do Ocidente e o utilizaram tanto para a tarefa mais óbvia e banal de servir como seu espelho existencial, quanto para a responsabilidade mais plena de refinar um instrumental teórico com pretensões universais. Os clássicos de uma disciplina são, portanto, criações sociologicamente necessárias e teoricamente indispensáveis, através dos quais os praticantes se identificam e se (re)produzem nos diversos contextos acadêmicos; eles tornam possível a existência de uma comunidade de cientistas sociais, daí derivando sua relevância singular e contínua. Leia na íntegra...